Nos últimos anos, o setor de energia solar brasileiro vem observando um crescimento na instalação de tecnologias solares, impulsionado por políticas de incentivo, inovação tecnológica e queda nos custos dos equipamentos. Além de contribuir com a diversidade de fontes da matriz energética brasileira, a energia solar também tem colaborado na geração de emprego e renda dos trabalhadores brasileiros.
Desde 2012, dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) informam que foram gerados cerca de 1,1 milhão de empregos acumulados. Para se ter uma ideia, na instalação de sistemas solares fotovoltaicos, estimativas sugerem que cada megawatt de energia solar instalado pode gerar entre 20 e 30 empregos diretos e indiretos, considerando a cadeia completa: fabricação, venda, instalação e manutenção. Os empregos gerados no setor de energia solar contribuem para os Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis: 1, 7, 8 e 13.
Além disso, os postos de trabalho gerados podem ser ocupados por trabalhadores de diferentes áreas de conhecimento, níveis de escolaridade e localização geográfica nacional. Esse mesmo raciocínio vale para os empregos na área de energia solar térmica, que também tem um mercado promissor, quando considerado os diferentes usos da água quente nos setores: residencial, lazer, industrial, serviço e comércio.
Entretanto, as empresas de energia solar muitas vezes criticadas por explorarem o capital humano e repatriarem lucros para suas matrizes, no caso das multinacionais, podem encontrar no ESG (Environmental, Social, and Governance) uma forma de alinhar seus interesses comerciais com práticas mais responsáveis, sustentáveis e inclusivas ao apoiarem projetos que utilizem tecnologias sociais. As empresas, ao adotarem práticas de ESG que apoiam projetos de tecnologia social em comunidades, podem criar oportunidades de trabalho e renda beneficiando diretamente os trabalhadores e a comunidade local. Ao promover a autossuficiência e a sustentabilidade, as comunidades tornam-se mais resilientes a imprevistos econômicos e ambientais. A tecnologia social incentiva a autonomia das comunidades e o empoderamento dos indivíduos, dando-lhes controle sobre os meios de produção e decisões que afetam suas próprias vidas. Por ser descentralizada e participativa, a tecnologia social engloba práticas como a agricultura familiar, sistemas de captação e reutilização de água, saneamento básico, meio ambiente, energia, educação, saúde, etc.
A energia solar, nas suas vertentes térmica e fotovoltaica, tem enorme potencial de aplicação em projetos de ESG alinhadas ao uso de tecnologia social. No Brasil, país com elevado potencial solar, a disseminação dessas tecnologias pode ser potencializada por meio de projetos colaborativos em parcerias público-privadas e organizações não governamentais que visem não apenas à geração de energia limpa, mas também o desenvolvimento socioeconômico das comunidades envolvidas.
Na 12ª edição do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social, ocorrida em junho de 2024, duas tecnologias da área de energia solar foram premiadas e irão executar projetos que visam promover qualificação profissional e geração de trabalho e renda. Uma delas é o Kit bomba solar - Energia das Mulheres, esse projeto qualificada mulheres para serem instaladoras de bombas de água que funcionam com placas fotovoltaicas. A outra é o Aquecedor Solar de Baixo Custo - Associação Sociedade do Sol, que visa capacitar famílias na montagem e instalação de aquecimento solar de água.
À esquerda, instalação do painel fotovoltaico para ligar bomba de água. À direita, instalação do painel solar para aquecer água do banho.
Além desses projetos, existem outros que utilizam tecnologias sociais na área de energia e podem ser implementados em comunidades, escolas, creches, asilos e associações. Para saber mais sobre esses projetos entre no link abaixo:
Texto de Roberto Matajs Mestre em energia pelo IEE/USP, co-autor do livro Um banho de Sol para o Brasil e professor da Sociedade do Sol.
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